sexta-feira, outubro 28, 2005

Das unhas, o que resta é um buraco, um buraco num sítio
onde o que era antes era Eu
mas agora já não, só um som vagamente sanguíneo
de quem pisou a tijoleira da sala e completou alguns
aniversários. Comi as unhas e algumas castanhas assadas
sabiam exactamente ao mesmo,
a mel e a amêndoas e a chocolate;
no lugar de mim existe agora apenas um buraco, e nesse centro
os frutos da noite são como maçãs ou gatos
que caem das árvores.

1 comentário:

João Silveira disse...

há qualquer coisa neste teu poema que me toca especialmente - não consigo, como sempre, o que é.
é nisto que a tua poesia me fascina, nessa tua capacidade de acordares universos profundos.

um abraço, poeta.