terça-feira, outubro 11, 2005

rôo maçãs. rôo maçãs e olho o vapor do chá ou
melhor
da chávena de chá vazia ainda quente e é essa chávena
já vazia de chá que liberta um vapor contra o fundo escurecido da casa, quando anoitece. há livros diversos pela casa mas a maior parte desses mesmos livros está ainda embrulhada no plástico em que vinham quando os comprei. não compro livros para enfeitar as estantes. não compro livros porque me façam companhia. compro livros porque gosto de ler livros mas não tenho paciência para ler livros. assim, rôo maçãs e bebo chá e depois de ter bebido o chá sento-me em frente das estantes e reparo como o vapor da chávena quente contrasta com o fundo da sala escurecida, no fim da tarde, e penso na quantidade de livros que tenho, por ler, e que estão só ali como um porto seguro de qualquer coisa que permanece enquanto a paciência não vem e não pegue nalgum deles, para ler. se algum dia vier uma espécie de vontade, concluo a quantidade de plástico que terei que desembrulhar.
rôo maçãs e olho para o vapor da chávena de chá contra o frio da sala, a sala é escura, entendo, enquanto desembrulho uma maçã para ler, e penso se algum dia irá ser mais fácil ler um livro do que comer uma maçã, mas enquanto não for mais simples, rôo maçãs, porque é o tempo de roer maçãs.

as tardes assim são propícias a comer maçãs enquanto se bebe uma chávena vazia de chá.

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