quarta-feira, outubro 12, 2005



uma chuva que não te deixasse dormir
e era fácil, permanecermos inúteis
de encontro ao sofá, o corpo que verte
é o corpo que afoga os abismos de água.
com tendência à desolação, as mãos crispadas
no encontro das luzes. lá fora é a voz
que se acende nos beirais embaciados,
o lenço breve que te emagreceu o rosto
é a memória mais funda, a língua de éter
na letargia da bala.

2 comentários:

groze disse...

Demasiado bom. Como, aliás, tudo o que fazes. Que privilégio, o de partilhar assim contigo (convosco mas contigo) este espaço! Leio-te. Ao longo das manhãs que vão sendo assim: manhãs de outono, por enquanto. E que bem que me sabes assim, ao longo das manhãs. Um texto soberbo, sabe-o. Como todos.

nocturnidade disse...

não conseguiria exprimir melhor o que a tua escrita me transmite. permite-me usar as tuas palavras "E que bem que me sabes assim, ao longo das manhãs."