domingo, outubro 16, 2005

uma avenida em cada dedo a percorrer largas alucinações
do fim da tarde que escorre imenso atrás de um corpo.
é com suavidade que se limpam as coisas mais banais,
bonecas de trapo anoitecidas sem musicalidade
as chávenas de café em torno dos sentimentos de perda.

vou sair e embebedar-me pela primeira vez dos teus livros
deitar a minha boca nos primeiros lábios de espuma.
começa a entristecer a cidade desfigurada junto ao rio,
quando acendo um cigarro nada se move dentro ou fora das aves.
duas luzes azuis comemoram o choque frontal,
sirenes de embalar a morte, a cabeça presa entre o metal e a raiva.

nunca estiveram os meus olhos tão doentes.

1 comentário:

groze disse...

Eu estou, como sempre, sem palavras... leio-te, e espero que isso chegue... enfim, dentro do possível, leio-te e como as tuas palavras pelos olhos, e deixo-as serem minhas, todas e cada uma. Gosto das imagens que crias e dos sentimentos que provocas e fico sinceramente feliz porque sem saber me ajudas numa certa demanda pelo Momento ideal. Gosto dos teus mundos de sombras e de esquecimentos. E olho-te enquanto (já o disse) rôo peças de fruta. E olho-te e escuto-te e quase posso dizer que te sei. Sem, no entanto, saber, de facto.