quarta-feira, janeiro 18, 2006

Diorama

Desses lábios que rasgamos sem cuidado,
Flui a sede asceta do meu medo,
Entre as pontas afiadas desses dedos,
Minha pele tem pedaços descascados.
O desprezo escorrendo pelos poros,
A Solidão enternecida é puta prática,
O desejo é ilusão, é emoção atávica,
E os fungos cobrem a casa onde eu moro.
Desses corpos que se fecham lentamente,
Sai a cruz por onde a vida se desestrutura,
O amor é um sofisma, uma miniatura
De algo que se pretendia útil e permanente.
Se há beijos, e paixão, há perda e há mentira,
O que a vida nos permite, Deus nos logra e tira.

1 comentário:

Cláudio B. Carlos disse...

Oi Celso!

Passando por aqui...
Já conhecia o poema.
Muito bom.

Abraços do CC.