terça-feira, fevereiro 28, 2006

A Teoria do Punho

tudo me é eterno
os punhos nunca envelhecem
apesar de eu já lhes sentir ténues linhas
que o tempo vem desenhando a cada nascimento que faço

a vontade de arrumar a um canto a cabeça e tudo o que lhe pertence
é agora primordial como o eu agarrar agora mesmo dentro do punho
toda a minha força e decidir se o abro ou se o fecho

escolhe-se arrumar-se o corpo a um canto

primeiro o corpo
a cabeça
os membros
os olhos
a boca – que já de nada serve há muito

os punhos nunca

tudo me é eterno e os punhos jamais cedem
mesmo se gastos
mesmo se mortos

a minha morte é outra
a minha é outra.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Pedal

Um pouco mais
de pedal
eu era vento.


Tiago Tejo

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

sub mare


vi hoje Lisboa largar-se ao céu em braços e cabelos que poderiam também ser estrelas, poderiam ser casas caídas em ruas cujo nome não sei, poderiam ser e foram nesse mesmo instante

uma palavra nunca dita a tempo
ou os dedos que se perderam em afectos numa pele sem destino aparente
ou os olhos que se cruzaram num fogo súbito
pois que tudo se consome assim num pé de fogo, dançando

dir-te-ia meu amor julgando cabelos e dedos magros compridos o que afinal eram estrelas e um reflexo incrível sobre o Rio, Lisboa submersa largando-se em tons azuis, dir-te-ia todas as mentiras, as mais lindas, as que se conjugassem numa só noite.
num só corpo, indivisível. indizível.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

tudo o que tenho são sentimentos pequenos
doenças que
crescem na ambiguidade dos dedos

fragilidades
homens com pés enlameados
nas artérias diáfanas
no sono definitivo.

pernoito e a manhã não tardará a perseguir-me
com as suas agulhas incandescentes

tudo o que tenho são pequenos sentimentos
à prova de bala

os mesmos rastos no caminho de casa.

Fantasia VII

Senhor Gentil


made in Leixões

domingo, fevereiro 12, 2006

Vida Besta

Não há nada, só o cheiro de amoníaco,
O ar de faxina na casa, não há mais pó aqui,
Não há nada, nada, só o seu olhar demoníaco,
Seu jeito estranho de andar procurando por mim.
E quando passa um carro novo anunciado na tevê,
Eu tento associar a propaganda e o prazer.
Só volta o cheiro forte e detergente,
Como se as baratas já pudessem nos pegar,
Na volta não há nada além do banho em jatos quentes,
Sua língua enfraquecida, em vão tentando me afogar.
Enquanto a lua é reciclada em quartos de aluguel,
Indefinida e simples, derivando em outro céu.
Não foi nada, só me arde os olhos o brilho da limpeza,
O aspecto de coisa que não se deve mais mexer,
Não foi nada, nada, só esse leite cru, tristeza,
Sua fome desses pratos que eu nem quero conhecer.
No entanto do seu rosto verte sangue, colorido,
No entanto eu sempre sou tão distraído.
Já lhe disse, não há nada, só esse cheiro insuportável,
E tudo me incomoda, eu sei, não posso disfarçar,
É tolice dar às coisas um sabor mais agradável,
Já que de toda maneira vou morrer noutro lugar.
E quando a rua se ilumina eu só penso na cachaça,
Lembro e esqueço de você, caio na cama e acho graça.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Poesia e Sanamunda - INFORMAÇÕES



Autocarros Lisboa -> Damaia: 11; 46; 63; 64; 67;

Combóio: Linha de Sintra, estação Sta. Cruz/Damaia (seguir intruções do mapa)

Taxis Lisboa -> Damaia:
regra geral, por volta dos 9 euros.


Contactos em caso de emergência "socorro, cheguei à Damaia e estou perdido!": 96 779 02 41 / 91 966 14 95/ 93 658 45 36


(clicai na imagem para que se amplie)